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Desde muito pequenas, antes mesmo do primeiro ano de idade, as crianças nos pedem inúmeras vezes para brincar com o mesmo brinquedo, ler a mesma história, assistir ao mesmo desenho ou filme, fazer a mesma brincadeira ou cantar a mesma música até não “aguentarmos mais”! E a gente fica se perguntando: “será que ela não se cansa disso?” ou
“será que ela não enjoa daquilo?”. E a resposta é: Não!
Mas então, será que é importante para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança?
Repetir é uma ação necessária que envolve diversos processos dentro da gente, como emoções, percepção, memória, raciocínio, atenção. Ela pode ser uma porta para descobrir, criar e encontrar um novo sentido para várias coisas!
Repetir aqui é “revivenciar”, é uma forma de entrar em contato com algo já conhecido e resgatar sentimentos e sensações. É seguro e confortável, mas, ao mesmo tempo, não significa que se terá sempre a mesma experiência, pois novos elementos podem ser percebidos e novos sentidos são construídos.
A cada “de novo” que a criança faz, ela torna aquele ato, sentimento ou conceito mais seu, reorganizando e ampliando seu conhecimento sobre o mundo e sobre si.
Por exemplo, ao lançar um objeto no chão e ver o adulto pegá-lo, transforma-se, para criança pequena, em uma brincadeira carregada de afetos e experimentações, a cada nova jogada ela testa com mais força e/ou com um jeito novo de jogar aquele brinquedo. Nessa interação e comunicação com o adulto, ela presta atenção na forma como ele reage, nos seus movimentos, em suas expressões faciais e falas e isso tudo provoca nela novas aprendizagens. Ou mesmo quando a criança começa a engatinhar, ela descobre um mundo à sua volta, entre tantas outras coisas, ela abre e fecha portas e gavetas, põe e retira objetos de uma caixa repetidas vezes. E essas ações contribuem para que ela se perceba como sujeito da própria ação.
Repetir também é um hábito dos adultos, você já percebeu?
Tente se lembrar daquela sua música predileta, daquele filme favorito que você viu inúmeras vezes ou do livro que releu. Quais são as sensações, pensamentos, sentimentos e lembranças que eles provocam em você?
O repetir das crianças no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento nos ensina a importância da releitura, da “reescuta”, do ver novamente, de sentir de novo, e de novo, e de novo...
E o que mais podemos fazer?
Quando a criança pede pelo mesmo brinquedo...
Podemos fazer uma outra brincadeira com o mesmo objeto. Se for uma bola, por exemplo: mostrar que ela pode rolar, quicar, que podemos chutar, bater com a cabeça, com a mão. Apresentar para ela outros tamanhos de bola e esportes que usam a bola, ou mesmo brincar de faz de conta: colocar debaixo da camiseta e dizer que “comeu”, fingir que a bola é o planeta terra, ou um “boneco”.
Quando a criança pede pela mesma história...
Podemos contar a história de formas diferentes, por exemplo: com outra entonação; usando fantoches de meia para serem os personagens; contar debaixo do cobertor com uma lanterna; chamar mais alguém para fazer um dos personagens.
Quando a criança pede pelo mesmo desenho animado ou filme...
Podemos fazer brincadeiras incluindo os personagens do filme, locais e épocas em que a história se passa, falar sobre os acontecimentos principais, pensar em possibilidades de outros finais para história, imaginar o que acontece depois que o filme acaba, ou desenhar os personagens junto com a criança.
Escrito e produzido por:
Ana Paula Bonelli Pessotti - Fonoaudióloga
Helena Terlizzi Silvestrin - Psicóloga
Rafael Moura do Nascimento - Assistente Social
Rosemeire Foltran - Psicóloga
Simone Minae Yoneyama - Fisioterapeuta
Tainá Moreira Gatti - Terapeuta Ocupacional
Tatiane Cristina Garcia - Fonoaudióloga
Teresinha Lodovica de Souza Barboza - Psicóloga
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